15 de abril de 2008

Pausa

Como quando a gente gosta muito de uma roupa mas não consegue tirar uma mancha. Ele não esperava que por isso não fosse continuar usando.

É complexo lidar com seres humanos, eu sempre achei. Mas às vezes acontece essa auto-redução a matrizes muito simples.

Foi quando, pela primeira vez, não foi admoestado, que ele se resolveu. Não que isso resolva com qualquer um, mas já é interessante que funcione assim com alguém, uma pessoa que seja. Basicamente foi uma queda, longa e penosa. Sentir que alguém que sempre estava ali, ao lado, disposto e preocupado, desistiu de você. Um ponto: o egoísmo desse sentimento não era insconsciente, mas não é isso que é pra ser discutido agora.

Sempre tendia a descrever essas sensações de desespero, angústia e falta como espasmos, compressões e orgias entre seus órgãos internos. Vísceras em agonia. Dessa vez era só oco. Uma falta de tudo. Aliás, havia luz. Uma luz inexpressiva, enigmática.

Descobriu que não havia maior desgosto que não ouvir a música que deve vir com o silêncio.

Nenhum comentário: