8 de julho de 2008

Um Beijo

Havia um cenário colorido e saturado. Uma grama muito verde e um sol amarelo como em desenhos de crianças. Havia hortênsias e girassóis. Um banco azul. Um vestido alaranjado, uma camiseta roxa, uma calça verde. O dia também estava para pássaros e borboletas. Havia um magnetismo primaveril desenhando as impressões sobre aquele ambiente.

Havia um gafanhoto e um copo vermelho que ele tinha trazido. O gafanhoto estava sentado sobre o copo vermelho. Ao lado, um pote amarelo com o sorvete de maçã verde que ela mesma tinha feito. Ele se esticou para apanhar o sorvete, mas se assustou com o gafanhoto. Isso criou entre os dois uma proximidade física não experimentada antes.

Houve alguns segundos de imobilidade. Embora ambos tenham respirado apreciavelmente, o tempo pareceu não passar. A distância de antes não conseguiu se refazer e, na presença do gafanhoto, eles se beijaram.

Foi um beijo influente e determinante. Nesse instante um panorama de informações visuais e auditivas ficou sensivelmente claro. Como uma orquestra mapeada, a natureza se apresentou. Foi um beijo virtuoso. Se um deles fosse um sapo, haveria conseqüências incríveis.