24 de agosto de 2008

Tarde de bicicleta

Uma ida ao supermercado com a bicicleta. Uma tarde de bicicleta com os sons de uma avenida superficialmente movimentada, como a avenida de uma cidade pequena. Na descida o menino mudou de marcha. Fez a curva e freou.

Havia um homem deitado na calçada, em frente a uma barbearia lotada de gente. Ele tinha uma barba grande e grisalha, os cabelos crescidos para fora do boné que usava, de um time de futebol. Estava sem camisa e usava uma calça jeans suja e gasta, com um par de botinas amarelo sujo, também muito surradas.

O menino ajoelhou ao lado do bêbado, puxou sua mão e chamou. Depois no rosto. Sentou sobre o peito do homem e procurou nos bolsos da calça. Desceu e forçou a mão por baixo para ver os bolsos de trás. Dali tirou uma carteira fina, simples, com apenas dois compartimentos e a capa com nome e número de um candidato a vereador. Dentro havia apenas um documento e uma fotografia.

- Ei, moleque! – ouviu chamar.

Uma camionete encostou e uma mulher de cabelos brilhosos e boca larga, ao lado de um motorista de sobrancelhas pontudas que segurava sua mão, tornou falar.

- O que você ta fazendo, moleque? Que vergonha, se aproveitar que o homem tá bêbado pra tirar dinheiro.

Ele ficou em pé.

- Não, ele é meu pai.

O menino olhou o homem no chão, devolveu a carteira ao seu bolso, pegou a bicicleta e continuou o caminho para o supermercado. A camionete já tinha arrancado. Era uma tarde como outra qualquer.

Um comentário:

reginaline disse...

e a mulher?

deve ter ficado bem desapontada... ao contrario das sombrancelhas do cara ;)